Não poderia deixar de falar sobre os ataques nojentos que os deficientes físicos sofreram de Abner Henrique e Dihh Lopes. Esses dois já haviam dito em 2019 que "o bom de transar com uma deficiente mental é que ela não fala, só geme." Sei que não posso generalizar, mas há tempos que, para mim, frisando que essa é a minha opinião pessoal, o humor brasileiro se enveredou por uma linha muito ridícula e de sensacionalismo, com a pior espécie de pessoas que falam o que querem, jogam qualquer porcaria seja num palco ou num canal de Youtube, recebem o que é de mais precioso em termos de espaço e visibilidade e dão em troca muito pouco, só pobreza de espírito.
EU ME RECUSO A ACEITAR QUE O PRECONCEITO, O DESRESPEITO, O MAU GOSTO E A FALTA DE SENSIBILIDADE SEJAM INSTITUCIONALIZADOS COMO PROFISSÃO E ARTE!
Não é a primeira vez que acontece, nem será a última. Esses pseudo artistas são consequência de um legado. Quem se lembra dos programas de humor antigos, como Sai de Baixo e tantos outros mais, para os quais tudo virava piada, sem nenhuma distinção entre o que é engraçado e o que é desrespeitoso, seja em relação à condição social (no programa as pessoas pobres eram a bola da vez), raça, credo, sexualidade ou condição física...Faz-se piada com tudo, com os gordinhos, com os tímidos, com os negros, com os homossexuais, com as mulheres, com a religião do outro, até com crianças (um cantor filmou uma menina com peruca e achou isso engraçado, expondo a criança a uma situação vexatória, me poupe!). Será que tudo é motivo de piada?
Com tristeza e muita decepção, eles continuam achando que sim e, com esse desrespeito, ferem milhares de pessoas, por isso hoje estou de preto, de luto pela nossa sociedade, pois infelizmente ela está muito doente. Ferir a dignidade humana é considerado normal, bobagem e, ai de você se for reclamar disso, você será chamado de mimizento. Em contrapartida, o autismo e as demais deficiências físicas são anormais e, portanto, dignas de estar na pauta do show de péssimos humoristas. A desculpa deles é dizer que têm liberdade de expressão, ou seja, "piada é piada, não expressa a opinião do comediante", o seu "humor" apenas reflete o que se vê na sociedade, de forma que não sabem estabelecer uma fronteira entre piada e bullying em pleno século XXI! De fato, eles têm razão em uma coisa: é a nossa sociedade, mas não ela toda e, o melhor, não tem que continuar sendo assim quando a sua "liberdade de expressão" fere a minha liberdade e direito ao respeito!
Abner e Dihh parem para observar os melhores da sua profissão! Os grandes são aqueles que fazem piada de si mesmos, do seu dia-a-dia, como lidam com as eventualidades que ocorrem! Aprendam com eles, sejam úteis, façam rir, mas não sem propósito! O artista é aquele que tem a capacidade de transformar, transformem o que existe de ruim numa coisa melhor, como suscitar a um debate e uma conscientização, sem que para isso vocês precisem escandalizar e desrespeitar profundamente toda uma comunidade de famílias, de educadores, de profissionais, de pessoas com deficiência que lutam todos os dias por aceitação! O mundo já está cheio de lixo e não precisamos de mais do mesmo. As pessoas de quem vocês tanto fazem piada podiam ser seus filhos, irmãos, familiares e até vocês mesmos!
Como vítima de bullying por toda a vida, por ser alta, por ser magra, por ser boa aluna, por ficar na minha, por ser tímida, por ser aérea, por falar baixo a ponto de uma professora me chamar de ameba, quando o que eu mais precisava era de palavras positivas para que eu me desenvolvesse com saúde mental, posso dizer com propriedade o quanto certos tipo de "piadas" me feriram a ponto de trazer cicatrizes que carrego até hoje. NÃO É ENGRAÇADO E, NÃO, NÃO É NORMAL ACHAR QUE BULLYING É PIADA! #chegadebullying
Por Raquel do Abiahy
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